Monday, December 12, 2005

A Conspiração da Cruz



A Associação República e Laicidade (ARL) que conseguiu obrigar a ministra Lurdes Rodrigues a retirar as cruzes das escolas, atendendo a uma hipotética discriminação de uma determinada minoria, conspira para que, se retire a referência às cinco "Chagas de Cristo" da nossa Bandeira Nacional. È que existe uma pequena comunidade no Alentejo, que pretende, caso estas não sejam retiradas, deslocar-se à Assembleia da República e manifestar-se ruidosamente. Sentem-se ofendidos com todos os símbolos religiosos, que provêm da nossa longa história de Cristianismo. Falou-se inclusivamente, em banir a segunda bandeira de Portugal (a de D. Sancho I na figura da esquerda) dos anais da história, visto que foi a partir daí, que se passou a usar, crê-se, a referência às "Chagas de Cristo" em todas as bandeiras (nisto poder-me-á ajudar o amigo neoarqueo).
Sei também de fonte segura (ou talvez não) que os próximos visados serão os professores de matemática. Terão que arranjar um substituto para o símbolo da soma +... xiii, fiz uma Cruz! Desculpem a discriminação...

Monday, December 05, 2005

O fantasma das normas de qualidade ISO, e a sua imposição futura, ou não...

Tinha estado em coma durante uns anos e acabava de regressar à minha terra, como sempre, lá fui procurar o Ti Jerónimo para tomar o meu cafézito da manhã, qual o meu espanto quando no lugar do Ti Jerónimo encontro um café novinho em folha, com o chão brilhante mesas impecáveis, balcão envidraçado, fantástico, perguntei pelo Sr. Jerónimo, responderam-me que já não era ele o dono do café, “sabe, teve que sair, não estava preparado para estas tecnologias, isto agora é um café com certificação ISO 2015 por obrigatoriedade da Delegada de Saúde e não se pode facilitar em determinadas atitudes, quer dos clientes quer dos proprietários, temos que cumprir com as regras estabelecidas no sentido de defender o consumidor, se não fecham-nos a porta”.
Não me agradou minimamente toda aquela etiqueta e cuidados, para não quebrar as regras impostas por essa tal certificação ISO não sei das quantas, fui até ao amigo Jeff onde me sentiria certamente muito mais à vontade, no meio de algumas beatas de cigarro no chão e manchas de tinto na mesa, pois imaginem a surpresa, quando me disseram que o “Jeff” já não existia, segundo comentaram, não foi possível converter o seu café para algo apresentável, que respeitasse os mais altos padrões de qualidade sendo obrigado a encerrar.
Cada vez mais surpreso, passei pelo centro à procura da “Matilde”, mas a história repetiu-se, café novo, todo “polido”, chão a brilhar, mesas e balcão irreconhecíveis. Não era permitido fumar, havia que respeitar os outros, não se podia conversar demasiadamente alto, poder-se-ia ir contra os limites de décibeis permitidos pela tal norma ISO 2015, o café tinha sido obrigado a reduzir o seu espaço para arranjar casas de banho para senhoras e para senhores heterossexuais, para senhoras e senhores homossexuais, para deficientes e para crianças, existiam uma série de princípios que os proprietários eram obrigados a solicitar aos seus clientes, além de umas largas dezenas de normas de qualidade e segurança, que visavam defender-nos de possíveis faltas de qualidade no serviço que nos era prestado.
Aqui fartei-me, sem pensar mais, passei por casa de uns amigos, e fomos para a adega do meu sogro berrar uns com os outros, fumar, sujar o chão, beber uns tintos acabados de tirar da cuba (sem qualquer selo da Direcção Geral de não sei quem), comer carne acabada de assar em cima das brasas, cortar um belo presunto que o meu sogro tinha guardado do último porco que tinha conseguido matar sem ser multado, e terminamos com um belo bagacinho que ele próprio tinha destilado (os alambiques tinham sido encerrados por não apresentarem a qualidade necessária), em resumo divertimo-nos imenso...
Felizmente passado pouco tempo acordei e percebi que tudo isto não tinha passado de um sonho, ainda posso ir ver a bola ao Ti Jerónimo, beber um copo na Matilde ou comer um coelhito no cantinho. Graças a Deus, que ainda nos vão permitindo, ter o nosso próprio sítio, mais sujo ou menos limpo, mais iluminado ou menos escuro, mais cheio de fumo ou menos arejado, mas o nosso espaço onde nos sintamos bem e façamos aquilo que nos dá na real gana, respeitando sempre a liberdade uns dos outros sem que isso nos seja imposto ou catalogado, porque no futuro meus amigos, não sei nos vão deixar ter isso, com esta mania actual do protecionismo excessivo!!
Cada um, só frequenta os sitios onde se sente bem e não é preciso alguém vir dizer como é que eu me vou sentir melhor e mais protegido em determinado sitio, se não gosto ou não confio, não vou.