Decididamente vivemos num mundo hipócrita onde mais vale parece-lo do que sê-lo!
A maioria dos Portugueses, e não aceito que me digam que não, gosta de um belo Jantar bem regado, naturalmente que após um Jantar destes dificilmente algum de nós sairá de lá com uma taxa de alcoolémia inferior a 0,2 (pouco mais que duas imperiais num individuo de estatura mediana) mas o nosso governo devidamente assessorado pelas Companhias de Seguros e as suas estatísticas, acha que grande parte dos acidentes são causados pelo álcool! Deixem-se de hipocrisias! Então não conta a falta de civismo, não conta o péssimo estado das nossas estradas, não conta a deficiente sinalização e o mau estado do nosso parque automóvel? Não. Pelos vistos, quem manda não se sente com capacidade para conduzir um automóvel se tiver bebido duas imperiais! Ou será que arranjaram um belo “bode expiatório” para justificar o excesso de sinistralidade no nosso pais?
Ora eu, após esse dito jantar desloco-me, bastante satisfeito após mais um convívio agradável com os amigos, no meu automóvel cumprindo a preceito o que está estabelecido na lei, vem um indivíduo daqueles que acha que a estrada é só dele e que os outros têm que se desviar para não impedir a sua deslocação e manda-me um pancadão na traseira. Chateado, mas já a pensar naquilo que aprendi no código, quem bate por trás é culpado, vou ter com o tal indivíduo e preparo-me para o preenchimento da bendita declaração amigável, qual é o meu espanto, quando após o agente da autoridade me pedir para soprar ao balão e o aparelho marcar 0,21 me informam que afinal o culpado do outro tipo me espetar um pancadão por trás sou eu porque apresentava uma taxa de alcoolémia de 0,21! O nosso amigo “fangio” segue a sua vidinha e eu acarreto com as responsabilidades da sua falta de civismo e respeito pelos outros.
Não aceito, a não ser que dê motivos para o contrário, que um aparelho da polícia diga se estou ou não em condições de conduzir. Aceito, isso sim, que um indivíduo que desrespeite as regras pré estabelecidas e se prove que estava com taxa de alcoolémia acima do permitido seja duramente responsabilizado. Falam-me alguns de que não pode ser assim porque se trata de prevenção e não punição! Prevenção?! Escondidos em cantos recônditos à caça de pessoas sérias que não se acham nenhuns criminosos para sentiram necessidade de “fugir”? Admito, tê-lo feito algumas vezes visto que quem define se estou ou não em condições de conduzir é a máquina que o agente da autoridade tem na mão e não a minha atitude perante a estrada, os outros e a condução!